domingo, 28 de março de 2010

2 - A maior formula

É gollll, Viva a Rainha....
Chico, moreno troncudo, curtido do sol e cabelos ralo, lava rosto na caramba do enorme poço, e urina atrás da mangueira com o seu olhar distante, indo até o outro lado da Lagoa, naquele momento ele se distancia da realidade e dos problemas do dia a dia.

La na lagoa a canoa de Pedro pescador, bom de isca, o melhor do lugar, corta a primeira maré do dia; o vento ainda fraco deixa frouxa o pano da vela e faz com que Pedro vá estocando o fundo raso de lagoa com o seu bambu fino e firme lança-se para o centro da lagoa.
Rainha, assim chamada por todos os pescadores da redondeza, a lagoa que dava continuação as vidas a sua volta. Que já foi rica em peixes que com passar dos tempos, foi ficando mais vazia da sua natureza.
Todos os pescadores-do lugar estão irmanados para a tentar descobrir o porque do vazamento da agua da lagoa e do empobrecimento da sua fauna.

Pedro sozinho no balançar da sua canoa, volta seus pensamento para olhar sua amiga que outrora andava com seu bojo de canoa velha, repleta de peixes, e tantas chuvas e viradas do noroeste tinha com ela conseguido passar de um lado para o ouro, Pedro,homem serio e bom lançava sua primeira isca especial. que ele sempre tratava com cuidado nos dias anteriores a pescaria.
Tinha um cuidado em nunca puxar o anzol antes que o peixe tivesse acabado de comê la, pois ali, estava preparada a última refeição do peixe.
Olhando .como faz sempre nas manhãs rotineiras, Pedro acena as mãos em direção do Chico,que com o mesmo entusiasmo responde ao amigo. Traçando no ar a dança alegre de um novo dia que 'surgia.

O casebre de Chico ficava perto da praia, do lado leste da salina, de lá ele podia ver todo o movimento dos três lados da lagoa da salina e da fazenda.
A mesa estava posta: leite da fazenda, aimpim da roça e ovos da criação. Eram pobres, mas
tinham boa alimentação para os pequerruchos.
Antonio e Prudêncio, pequenos e espertos em idade escolar comeram rápido para não chegarem atrasados na rural, escola distante mas boa, nos ensinamentos e na recepção das crianças do lugar.

Alimentação não era problema até mesmo os fazendeiros, organizadores da rural, forneciam alimentos e material para as classes.
Eram três salas e dois banheiros. O prédio da escola era onde antigamente, servia de moagem de ostra, mas por determinação do falecido Dr. José Bulhões, foi erguido com muito orgulho, a escola rural do mesmo nome, em sua homem.
Chico curvado, não pelo peso do puxador do sal, mas pelos anos de luta na salina., vai descendo para a salineira.
O sol lançava seu calor no lombo queimado dos puxadores. A nata dos cristais reluzia no repicar de reflexos multicores.
Nunca antes por aquelas bandas salineiras, produzia tanto sal. Mãos firmes e calejadas, presas como garras no cabo do puxador, Chico ajuntava num monte de sal mais uma porção, padiola e carrinhos circulavam por todos os lados, recolhendo os cristais para o depósito, numa correria frenética.

Os homens vibravam com o seu trabalho quase artesanal, produzindo uma dança
ritmada pelo sussurro das ondas na areia e o raspar dos puxadores no fundo dos tanque.
Um puxador da ala rasa colocando seu puxador nas costas seguiu em direção ao Chico, que dando suas chupadas no cachimbo finalizava mais um tanque.
- Canoa, assim era chamava o velho Alfredo.
- Conte, Sossego! Apelido carinhoso dos puxadores, ao velho Alfredo, que, trabalhando na ala mais rasa, ficando isolado dos demais trabalhadores.
Assim, se mantendo em silêncio por todas as horas de trabalho.

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